O Governo da Bolívia deve divulgar hoje, 1º de junho, o resultado da licitação que dará o direito de exploração das jazidas de minério de ferro e manganês da Morraria de Mutun, na cidade de Puerto Suarez, na província de German Busch. A licitação foi apontada como um dos motivos para a expulsão da EBX da Bolívia, que construía uma usina em Puerto Quijarro para produção de ferro-gusa.
O anúncio estava programado para 30 de maio, mas foi adiado em razão da 'complexidade' dos termos que devem ser analisados. Os ministros que comandam o processo pediram prazo de 48 horas para terminar a análise, segundo informou a Agência Boliviana de Informações – agência oficial de notícias do Governo Evo Morales.
Uma comissão, formada por cinco ministros, está no Departamento de Santa Cruz analisando o processo. A empresa indiana Jindall Stell and Power foi a única a apresentar carta-proposta para promover a instalação de um pólo siderúrgico para a industrialização do minério da Morraria de Mutum, que tem reserva estimada em 40 bilhões de toneladas de ferro e manganês.
Segundo o ministro de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável, Carlos Villegas, esta licitação – que teve de ser refeita pelo atual Governo – estabelece a criação de uma empresa siderúrgica que permita industrializar o minério e não apenas vender matéria-prima. Além disso, o Estado terá participação em todo o processo. O vencedor da concorrência se tornará o sócio estrangeiro da Empresa Siderúrgica de El Mutum – que é controlada pelo Governo Central – e deverá desenvolver o setor em toda a sua cadeia produtiva.
Por sua vez, o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, adiantou que o projeto siderúrgico permitirá a geração mínima de 10 mil empregos diretos e outros 30 mil indiretos. A usina será instalada num prazo de cinco anos na província de German Busch, com todo o processo controlado pelo Governo Morales. Além disso, o projeto de Mutum usará gás natural como energia – com a construção de um novo gasoduto – e trará condições de concretizar a ligação ferroviária até o Porto Busch, garantindo acesso autônomo da Bolívia à hidrovia do Rio Paraguai.
O Governo da Bolívia trabalha para achar uma forma de minimizar as diferenças entre o que propõem Estado e empresa. O Governo propõe extração de 2,5 milhões de toneladas por ano, com cobrança de 54% de taxa, a Jindall tem como proposta a extração de 10 milhões de toneladas anuais com taxas de 7% cobradas pelo Estado. As divergências aparecem ainda nas outras duas fases do projeto de instalação.
Favorecimento
Representantes do Governo negaram que o adiamento da divulgação signifique qualquer favorecimento a possíveis investimentos venezuelanos, afirmando que a Jindall Stell and Power, da Índia, foi a única companhia a se manter no processo licitatório. A expectativa é que sejam investidos cerca de US$ 140 milhões no projeto.
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