Vencedoras de licitações investem pesadamente para cumprir editais

De olho em novas concessões, as empresas privadas que administram rodovias continuam com investimentos pesados para manter as boas condições das estradas. A CCR e a OHL Brasil, com 1.484 quilômetros e 3.225 quilômetros cobertos, respectivamente, investem para cumprir os contratos das últimas licitações que venceram, além de aplicarem recursos para garantir a manutenção das outras vias concessionadas. A EcoRodovias segue o mesmo caminho e aposta na construção de condomínios logísticos.
A CCR, que venceu a licitação para a concessão do Rodoanel Mário Covas, não revela o valor do investimento na obra por estar no período de silêncio antes da divulgação de resultados do segundo trimestre, por ser uma empresa de capital aberto. O contrato com o governo paulista prevê o pagamento de outorga de R$ 2 bilhões em 24 meses e investimentos totais de R$ 465 milhões. O trecho oeste do Rodoanel, com 32 quilômetros e circulação de 240 mil veículos por dia, faz parte da melhoria de tráfego na Região Metropolitana de São Paulo.
"Não tomamos nenhuma decisão em relação a sócio estrangeiro. Em agosto, novamente, a MacKinsey começará a preparar um novo planejamento de cinco a dez anos para o grupo", afirma Renato Vale, presidente da CCR. Ele acrescenta que a partir dessa análise da consultoria de negócios o grupo decidirá se vai buscar um sócio para a Concessionária Rodoanel ou para outros negócios. Em março deste ano, a empresa informou que um sócio estrangeiro poderia ter 40% de participação em uma sociedade de propósito específico para gerenciar o Rodoanel. Naquele mês, a empresa obteve dois empréstimos ponte de R$ 1,2 bilhão do banco UBS.
Neste ano, a CCR comprou 40% da Renovias , por R$ 265 milhões, que administra 345,6 quilômetros de extensão que vão de Campinas, no interior de São Paulo, até o sul de Minas Gerais. Além desses recursos, a estimativa da empresa é investir R$ 683 milhões, dos quais R$ 199,1 milhões na AutoBan (sistema Anhanguera-Bandeirantes) e R$ 185,6 milhões na ViaQuatro, concessionária responsável pela operação e manutenção da Linha 4 - Amarela do Metrô de São Paulo. Para a NovaDutra, estão previstos são de R$ 88,9 milhões.
Com recursos da ordem de R$ 800 milhões até janeiro de 2009, a OHL Brasil investe nas cinco licitações vencidas em 2007, cujos contratos foram assinados em fevereiro deste ano, onde se destacam as concessionárias Régis Bittencourt (BR-116 de Curitiba a São Paulo) e Fernão Dias (BR-381 de Belo Horizonte a São Paulo). Nos primeiros cinco anos, os recursos a serem aplicados na recuperação, ampliação e melhoria das cinco rodovias são de R$ 4,2 bilhões. Nos 25 anos do contrato, deverão aplicados R$ 14,5 bilhões.
A EcoRodovias, com previsão de faturamento de R$ 750 milhões este ano, vai investir R$ 300 milhões em 2008. Parte dos recursos será aplicada na manutenção nas suas quatro concessões: Ecovias (sistema Anchieta-Imigrantes, que liga a capital de São Paulo ao porto de Santos), Ecovia Caminho do Mar (de Curitiba ao porto de Paranaguá, no Paraná), Ecosul - Rodovias do Sul (pólo rodoviário de Pelotas no Rio Grande do Sul) e Rodovia das Cataratas (Guarapuava a Foz do Iguaçu).
Além das rodovias, a empresa administra o Ecopátio Logística Cubatão, de 443 mil metros quadrados, que regula o fluxo de caminhões e cargas para o porto de Santos. O Ecopátio já representa 4% do faturamento da EcoRodovias. Em parceria com a Bracor, a companhia está construindo um condomínio logístico, desenhado para médias e grandes empresas, de 420 mil metros quadrados na junção da Rodovia Imigrantes com o trecho sul do Rodoanel Mário Covas. Os investimentos são de R$ 100 milhões e as obras devem ser concluídas em 2010. Com esse terminal, a parte de logística deverá representar cerca de 20% do faturamento da empresa, que deve atingir R$ 1 bilhão em 2010.
Marcelino Rafart de Seras, presidente da EcoRodovias, diz que o modelo de terminais logísticos de São Paulo poderá ser ampliado para outras rodovias administradas pela empresa.

07/08/2008

Fonte: Valor Econômico