O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou ontem que a empresa desistiu de fazer novos investimentos na Bolívia e que não vai aceitar um possível aumento dos preços cobrados pelo país vizinho para a venda de gás ao Brasil.
Em entrevista no Rio de Janeiro, Gabrielli afirmou que a empresa não vai mais participar de licitação para a ampliação do gasoduto Brasil-Bolívia, que poderia levar ao aumento do fornecimento do gás natural ao país, estimado em torno de 15 milhões de metros cúbicos/dia.
"Estamos suspendendo qualquer possibilidade de investimento na Bolívia", disse ele, que afirmou que os únicos recursos novos que têm sido injetados no país vizinho são para a manutenção dos equipamentos já instalados. Apesar deste problema, ele reforçou que o mercado consumidor brasileiro não corre o risco de ficar sem gás.
Segundo Gabrielli, a Petrobras manterá os 30 milhões de metros cúbicos de gás previstos no contrato atual. "Garantimos os 30 milhões de metros cúbicos e vamos lutar contra o aumento de preços. No âmbito do contrato, vamos discutir e rejeitar propostas de aumentos de preços", afirmou.
Gabrielli lembrou que "a Bolívia quer e precisa manter o envio desse gás para o Brasil porque depende financeiramente dessa venda". Todo o gás produzido no país vizinho vem associado ao óleo e, portanto, uma interrupção nesse fornecimento prejudicaria também o abastecimento do mercado interno do país, disse o presidente da estatal.
Segundo ele, a Bolívia não teria por onde escoar esse gás para outro mercado senão o Brasil, além de depender diretamente dessa renda. Gabrielli disse também que a Petrobras Bolívia responde hoje por cerca de 24% da arrecadação tributária daquele país, onde tem ativos em cinco dos nove Estados.
Ele afirmou que os ativos da estatal na Bolívia somam US$ 1,3 bilhão, mas seu patrimônio líquido está avaliado em US$ 365 milhões. A diferença entre ambos os valores, segundo ele, corresponde a dívidas da Petrobras Bolívia com bancos, fornecedores e ainda com a sede da companhia no Brasil. "Ainda terá de ser definido quem vai arcar com essas dívidas."
Perguntado se a decisão de suspender investimentos seria uma represália à decisão da Bolívia de nacionalizar o petróleo e o gás, ele respondeu: "Não, é um problema de análise econômica das condições."
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se reunir com os presidentes Evo Morales (Bolívia), Néstor Kirchner (Argentina) e Hugo Chávez (Venezuela) hoje para discutir o preço do gás e possíveis investimentos em um gasoduto continental para a América do Sul.
Morales já adiantou que as empresas de petróleo instaladas no país "vão lucrar menos" daqui em diante.
Gabrielli, no entanto, descartou que a Petrobras possa aceitar aumentar o preço atualmente pago pelo gás boliviano.
"É provável que a Bolívia solicite alteração (de preços), mas não vamos aceitar", disse a jornalistas.
Ele afirmou que a empresa tem um contrato "legitimamente estabelecido com a Bolívia". "Temos que partir do princípio de que há regulação e que ela será respeitada", disse. "Senão, qual seria a alternativa, pensar em armas de destruição em massa?", ironizou.
Anulação
Segundo o executivo, a Petrobras pode tentar anular o aumento de preços em um tribunal internacional de arbitragem nos Estados Unidos.
"Isso tem que ser discutido no fórum de Nova York, no American Arbitration Association", disse.
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