Mercosul espera que UE compre US$ 2,5 bi já


A União Européia apresentou ontem ao Mercosul uma oferta agrícola que é melhor do que a proposta inicial, na avaliação dos negociadores do Mercosul, tornando mais próxima a hipótese dos sonhos do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues: a de que um acordo UE/Mercosul produza "US$ 2,5 bilhões (de exportações adicionais) já, na veia".
O ministro fez o comentário no coquetel prévio ao almoço oferecido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, sem saber que as linhas gerais da oferta agrícola européia já estavam em mãos de Régis Arslanian, negociador-chefe do Mercosul, que depois diria à Folha que são "melhores do que a oferta inicial".
As duas partes cumpriram ontem, em Bruxelas (Bélgica), o que havia sido conversado no fim de semana em Brasília entre os responsáveis políticos pela negociação, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, e o comissário europeu para o Comércio, Pascal Lamy: a apresentação "simultânea e completada" (expressões de Lamy) das ofertas para todas as áreas da negociação.
O "completada" se explica: já houve várias propostas de parte a parte, mas sempre ficaram sombras ou pedaços ocultos, à espera de que o parceiro melhorasse a sua oferta. Agora, não. Está tudo sobre a mesa, ao menos como "linhas gerais". Ou seja, os detalhes só serão trocados na semana que vem.
De todo modo, parece evidente que começou o desbloqueio de uma negociação que vinha caminhando promissoramente até três meses atrás, mas emperrou desde então.

Oferta do Mercosul
O Mercosul apresentou as linhas gerais, por exemplo, de sua oferta para compras governamentais --jargão para concorrências públicas. Embora os detalhes sejam mantidos em reserva, a Folha já havia antecipado, meses atrás, que a oferta prevê vantagens para firmas européias nas concorrências do Mercosul, respeitado o direito de o bloco sul-americano usá-las para fins de política industrial ou tecnológica.
O Mercosul também aumentou (de 87,5% para 90%) a porcentagem de produtos vendidos pelos europeus cujas tarifas de importação serão reduzidas ou eliminadas na área não-agrícola. Aproxima-se, assim, dos quase 100% oferecidos pelos europeus no sentido inverso.
Já os europeus, além de terem retirado da proposta o chamado teto quantitativo nas cotas agrícolas tampouco mencionaram a diluição da oferta em dez anos, o que tornaria insignificante o ganho econômico para o Mercosul.
O teto quantitativo significa que, se o Mercosul exportar em dado ano uma quantia superior à cota de carne, por exemplo, o adicional seria descontado no ano seguinte. "Mantido o critério, em três anos o Mercosul estaria devendo carne aos europeus", brinca Amorim.
A oferta européia também incluiu os PAPs (Produtos Agrícolas Processados) que oferecem a atração adicional de terem mais valor agregado. Sempre com a ressalva de que são as linhas gerais, não a oferta completa e acabada.

Próximos passos
O que acontece agora? Recebidas, na semana que vem, as ofertas detalhadas, cada lado faz a sua avaliação interna.
O governo brasileiro já tem agendada reunião com a Coalizão Empresarial, um conglomerado de empresas interessadas nas negociações, para ver os custos (da abertura do mercado brasileiro) e os benefícios (da abertura oferecida pelos europeus).
Se a relação custo/benefício for julgada desequilibrada, serão propostos ajustes, de comum acordo com os demais sócios do Mercosul, com os quais também haverá reunião.
Se houver equilíbrio entre ganhos e perdas, já nessa primeira fase ou depois dos ajustes, passa-se à semana decisiva que começa em 20 de outubro. No Brasil (possivelmente em Brasília), reúne-se a instância máxima da negociação (a Conferência Ministerial), para fechar o acordo
que criará a maior zona de livre comércio do planeta.

Corrida contra o tempo
No Itamaraty, já se dá como certa a reunião ministerial. Mas Amorim prefere ser cauteloso: diz apenas que sua agenda está com "espaço reservado" para os dias a partir de 20 de outubro.
Como, em princípio, a Conferência Ministerial terá mais de um dia, fica claro que, por mais que os técnicos ajustem os detalhes, faltarão decisões que só os responsáveis políticos podem tomar.
Mas nem técnicos nem políticos consideram razoável que se marque uma reunião ministerial desse porte apenas para comunicar o fracasso da negociação.
De todo modo, é uma corrida contra o tempo, porque, no dia 31 de outubro, muda a Comissão Européia (o braço executivo do conglomerado, agora de 25 países), saem os atuais negociadores (Lamy e o comissário agrícola Franz Fischler) e tudo terá que começar outra vez.


17/09/2004

Fonte: Folha de São Paulo

 

Avisos Licitações

28/01/2025

Curso On Line - Ao Vivo de Formação de Licitantes

O Curso de formação de Licitantes ONLINE AO VIVO f...

27/01/2025

Cursos Presenciais - Nova Lei de Licitação e Contratação Pública - Florianópolis/SC

O Curso Presencial da Nova Lei de Licitação e Cont...

07/02/2025

Licitação para obras da Estação de Tratamento de água de Poço Redondo está prevista para fevereiro

Ainda este mês será aberto o processo licitatório ...
Notícias Informativo de Licitações
Solicite Demonstração Gratuita