Licitações e folha da Câmara de Cuiabá serão investigadas

Várzea Grande - A sessão solene de abertura dos trabalhos da Câmara de Cuiabá do ano de 2007, na manhã desta sexta-feira, foi marcada por discursos de parlamentares cobrando moralização, honestidade e ética por parte da Mesa Diretora. O presidente do Legislatvo, Lutero Ponce (PMDB), e o primeiro-secretário, Luiz Poção (PP), são acusados de omitirem a forma como gastam o duodécimo mensal de R$ 1,7 milhão repassado pela prefeitura.
Diante da "caixa-preta" instalada por Lutero e Poção, sete vereadores já assinaram um requerimento propondo a criação de uma Comissão Especial para auditar as contas do Legislativo cuiabano do ano de 2007. "No ano passado, quis investigar as contas de 2006. Agora, queremos ver a situação de 2007 porque é inadmíssivel a atual situação", explica o vereador Domingos Sávio (PMDB), um dos líderes do movimento.
Além de Domingos Sávio, já assinaram o requerimento os parlamentares Edivá Alves (PSDB), Permínio Pinto (PSDB), Enelinda Scala (PT), Dilemário Alencar (PTB), Ivan Evangelista (PPS) e Luiz Marinho (DEM). Para ser instalada, a Comissão Especial necessita do apoio de mais três parlamentares.
Hoje, a Câmara conta com um duodécimo mensal de R$ 1,7 milhão para 19 vereadores. Em 2004, o Legislativo contava com 21 parlamentares e o duodécimo mensal era de R$ 1,150 milhão.
Apesar da evolução financeira de R$ 7 milhões em quatro anos, o Legislativo da capital mato-grossense atravessa a maior crise de moral da história. "A situação dos gabinetes é extremamente precária. O dinheiro é mais do que suficiente, mas ninguém sabe para onde vai porque o regime é presidencialista", assinala Domingos Sávio.
Para o vereador, nada o impede de cobrar investigação contra o colega de partido, Lutero Ponce. "Quem não deve, não teme. Ficarei muito feliz se ao final das investigações constatar que nada está errado na gestão de um companheiro de partido", assinala.

Licitações e folha
Segundo ele, informações extra-oficiais dão conta que hoje a Câmara possui apenas 89 servidores efetivos e cerca de 400 contratados. Embora não assumam, os parlamentares suspeitam que a Mesa Diretora tenha "inchado" a folha de pagamento, cerca de R$ 800 mil, com a contratação de cabos eleitorais, prática do nepotismo - contratação de parentes - e ainda funcionários-fantasmas.
Em um ano e dois meses no cargo, o presidente Lutero Ponce também não obedeceu a Legislação que o obriga de divulgar o lotaciongrama funcional da Câmara. O parlamentar peemedebista alega que todas acusações são eleitoreiras e política.
Outro ponto de investigação dos parlamentares será as licitações feitas por Lutero Ponce, que corre o risco de ser cassado por infelidade partidária diante da troca do PP pelo PMDB em outubro do ano passado. Existem suspeitas de houveram manipulações e privilégios para empresas.

Duração
O vereador Deucimar Silva (PP) alertou para o caos que atravessa o Legislativo cuiabano. Ele insinuou que vereadores estariam, ao ameaçar criar uma auditoria, pressionando o presidente Lutero Ponce em busca de "beneficios-extras" por se tratar de um ano eleitoral em que todos 19 parlamentares cuiabanos buscarão a reeleição.
Deucimar Silva admitiu a hipótese de assinar o requerimento para a criação da Comissão Especial desde que os parlamentares apresentem um diagnóstico final. "Esta Câmara tem um histórico de criar coisas que não chegam ao final. Vou analisar sem demagogia", analisou.

15/02/2008

Fonte: Jornal Documento