Licitação da Transpetro atrai onze candidatos

Em uma sessão tensa e nervosa que chegou a ser suspensa por decisão judicial impetrada pela Marítima, do empresário German Efromovich, onze grupos, sozinhos ou em consórcios, apresentaram, ontem, propostas para construir 42 navios petroleiros na licitação aberta pela Transpetro, a subsidiária de logística da Petrobras. Dos onze ofertantes, sete são estaleiros já existentes no Rio de Janeiro, Ceará e Santa Catarina e quatro envolvem empresas que têm projetos para construir novas unidades, os chamados estaleiros "virtuais".
Todos os grupos que fizeram ofertas, com exceção da Indústria Naval do Ceará (Inace) e do estaleiro Itajaí, acertaram acordos de sub-contratação com parceiros tecnológicos estrangeiros. "Dos cinco maiores estaleiros do mundo, quatro estão participando da licitação", avaliou o presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Ele referiu-se aos estaleiros Hyundai, Daewoo, Samsung e STX, todos da Coréia, que fecharam acordos com estaleiros brasileiros envolvendo aspectos como assistência técnica, transferência tecnológica e de gestão.
Os estaleiros estrangeiros não devem, no entanto, participar do risco do negócio. Machado confirmou que em 45 dias a comissão de licitação deverá divulgar os nomes dos grupos habilitados a participar da fase final da concorrência. Será nessa segunda etapa que as empresas colocarão sobre a mesa propostas comerciais, com preços e prazos para a construção dos 42 navios, com investimentos estimados em US$ 1,9 bilhão. Machado previu que, se não ocorrerem atrasos, o primeiro contrato de construção pode ser assinado em julho.
"A grande participação de estaleiros confirma a confiança das empresas no projeto", avaliou Machado. Apesar do interesse das empresas do setor no projeto de renovação da frota da Transpetro, a sessão de entrega das propostas na fase de pré-qualificação, ontem, na sede da empresa, no centro do Rio, correu risco de ser adiada. Na véspera, o juiz Luiz Fernando de Andrade Pinto, da 22ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, deferiu liminar impetrada pela Marítima, suspendendo o processo licitatório.
Na terça à noite, os advogados da Transpetro retiraram o processo do Tribunal para analisá-lo e entrar com o recurso contra os argumentos da Marítima. Ontem à tarde, enquanto os representantes dos consórcios esperavam, na sede da estatal, pelo desfecho do imbróglio, veio a boa notícia. O desembargador Galdino Siqueira Neto, da 15ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, suspendeu os efeitos da liminar concedida à Marítima. Com a decisão, a sessão foi retomada com duas horas de atraso, quando foram oficializados os onze grupos que apresentaram propostas.
O estaleiro Rio Grande, a ser construído no município gaúcho homônimo, tem como sócios as empresas Cemisa e Aurizonia e contará com aporte tecnológico da japonesa Ishikawajima. O consórcio Keppel Fels Brasil, BrasFels sub-contratou a coreana Daewoo. O terceiro ofertante, o consórcio Rio Naval, é formado pelas empresas Sermetal, MPE e Iesa, tendo como parceira a Hyundai. A Inace entrará sozinha, assim como o estaleiro Itajaí.
A Camargo Corrêa oficializou oferta em parceria com a Andrade Gutierrez, tendo apoio da Mitsui. O estaleiro Renave contará com assistência do português Lisnave. Já o consórcio Rio Grande é formado por Queiroz Galvão e Aker Promar, tendo a Samsung como parceira. A Nuclep se associou ao Pem Setal e a Beter, tendo tecnologia da Gydnia, da Polônia. O consórcio Mauá Jurong terá assistência da Maric, do grupo CSSC, de Xangai, na China. E a Eisa Montagem contará com aporte tecnológico da brasileira Progemar e da coreana STX.

17/03/2005

Fonte: Valor On Line