Licitação contra o roubo de arte sacra


RIO - O Rio lidera a lista de municípios no Brasil com o maior número de peças de arte sacra roubadas. Cansados de ver a história do país se evaporar mundo afora, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional licitará, este mês, um sistema de segurança no valor de R$ 22 milhões para os museus e templos religiosos do país. Com a medida, pretende conter a sangria das obras de arte.
Mas as mudanças para evitar que se repitam ataques a igrejas no país como o que aconteceu no Rio em 1993, quando 250 bens entre móveis, castiçais, tocheiros e pinturas foram levados da Igreja da Ordem Terceira do Carmo, no Centro, não ficam por aqui. O Iphan mantém uma campanha permanente por intermédio da divulgação de fotos das peças na mídia e nos aeroportos, além de estimular a população a fazer denúncias. Para auxiliar nas buscas por peças roubadas, o Iphan pretende cadastrar todos os antiquários e está em andamento o cadastro de obras sacras espalhadas em igrejas restauradas.
– A campanha tem de ser permanente para dar resultados e precisa integrar os cadastros de órgãos estaduais, federais, a polícia e a Interpol, além de envolver a população e os comerciantes do ramo – defende coordenador-geral de Promoção do Patrimônio Cultural, do Iphan, Luiz Philippe Torelly.
O Iphan já fez o registro de
22 mil objetos, no Rio, o que representa uma pequena parte do acervo. As obras de arte sacra da Baixada Fluminense, por exemplo, não foram sequer tombadas pelo instituto, só pelo Estado. As igrejas de Nova Iguaçu e Duque de Caxias abrigavam um tesouro em arte sacra do século 17 e 18, que tiveram de ser trancados em cofres.

Igreja e segurança
Torelly admite que é mais difícil proteger as obras que ficam dentro das igrejas, mesmo com a instalação do novo sistema. A Arquidiocese do Rio informou que não possui um procedimento padrão de seguranças nas igrejas.
O Iphan vai também fazer um cadastro de antiquários, para conhecer melhor o que circula no mercado. Torelly diz que a adesão é voluntária e que o propósito não é o de fiscalizar os estabelecimentos. O presidente da Associação Brasileira dos Antiquários, Eduardo Bicudo, apóia as iniciativas do Iphan mas ainda não se cadastrou. Bicudo comenta que as vendas de obras de arte estão em baixa.
– Temos 50 associados e contribuímos com a distribuição de folhetos e avisos sobre a ocorrência de roubos – informa.


01/03/2008

Fonte: JB Online

 

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