Itaú leva contas da Prefeitura de SP


SÃO PAULO - O Banco Itaú assina hoje com a Prefeitura do Município de São Paulo contrato pelo qual vai realizar o pagamento da conta-salário dos 210 mil funcionários municipais ativos e inativos, negócio que movimenta R$ 4,4 bilhões por ano; e a administração do caixa de aproximadamente R$ 11 bilhões e aplicação de disponibilidades da cidade de São Paulo. Os contratos têm cinco anos de prazo.
Esses são seguramente dois dos mais cobiçados negócios do mercado financeiro. Por isso, o Itaú pagou um bom preço: R$ 510 milhões para ter a conta dos funcionários e R$ 1,5 milhão pela administração do caixa do município paulistano.
O diretor comercial do Itaú, Ronald Anton de Jongh, afirmou que o banco ficou feliz com o negócio: " O mercado de São Paulo é onde o Itaú tem sua origem, onde está sua sede. Temos capacidade física para absorver essa clientela, que é bastante cobiçada " . O Itaú tem 300 agências apenas na cidade de São Paulo de uma rede total de 2,2 mil.
O contrato interessa ao banco não só pelo acesso a um número de clientes equivalente a quase 2% do total de 12 milhões que o banco possui, mas, especialmente, pelo perfil da carteira. Cada um dos 210 mil funcionários públicos da cidade de São Paulo recebe, em média, R$ 1,6 mil por mês. Cerca de 48% deles ganham até R$ 1,5 mil. Um terço está na cobiçada faixa de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil; e 20% ganham mais de R$ 3 mil. " Podemos oferecer a eles crédito para o consumo, cheque especial, seguros, previdência, fundos de investimento, além do consignado " , disse Jongh praticamente esgotando o cardápio de produtos do Itaú.
O Itaú, que comprou o carioca Banerj em leilão de privatização, em 1997, passa a dominar assim as carteiras de funcionários públicos nas duas principais cidades do país. Só no Rio são cerca de 400 mil. O Itaú também comprou o mineiro Bemge, em 1998, com 350 mil clientes; o Banestado, em 2000, com 150 mil; e o BEG, em 2001, com 50 mil.
As ações preferenciais do Itaú subiram 3,94% na terça-feira, quando começaram a circular rumores do resultado da licitação, realizada segunda-feira à tarde. Ontem, o papel devolveu parte dos ganhos e recuou 1,23% para R$ 520. O analista de bancos do Pactual, Pedro Guimarães, criticou o fato de o banco não ter divulgado nenhum comunicado ao mercado a respeito desse negócio.
A Prefeitura também leiloou a conta dos pagamentos a fornecedores, assumida pelo Bradesco pelo valor de R$ 19 milhões. A Prefeitura de São Paulo tem um cadastro de fornecedores com 46,7 mil pessoas físicas e 21 mil pessoas jurídicas, das quais 15,9 mil receberam créditos em 2004. O negócio não é menos importante: a média mensal de pagamentos efetuados aos fornecedores pela prefeitura paulista foi de R$ 557 milhões no ano passado, quase R$ 7 bilhões no ano.
A Prefeitura paulista, que vai embolsar pouco mais de meio bilhão, não quis comentar a licitação, realizada segunda-feira à tarde, na modalidade de pregão pela melhor oferta de preço, com a abertura dos envelopes, após um embate jurídico com o Sindicato dos Bancários de São Paulo.
O prefeito José Serra havia manifestado o interesse em leiloar as contas em abril. Um primeiro leilão foi marcado para 14 de julho. Mas o Sindicato dos Bancários conseguiu, em ação popular junto à 6 Vara da Fazenda Pública liminar suspendendo o leilão. A prefeitura recorreu e obteve a suspensão da liminar e marcou novo leilão para segunda-feira. No início do mês, porém, o sindicato restaurou a liminar que acabou sendo derrubada sexta-feira, possibilitando a manutenção da data do leilão.
O presidente do Sindicato dos Bancários, Luiz Cláudio Marcolino, pretende recorrer novamente. Marcolino afirmou que a operação equivale a uma nova privatização, em detrimento da posição do Banco do Brasil (BB) que centralizava essas contas. A Prefeitura também tem convênios para a realização de serviços bancários com o Santander Banespa e com a Caixa Econômica Federal, que deverão prosseguir até o vencimento, no final de 2010 e em janeiro de 2009, respectivamente.


09/09/2005

Fonte: Valor Econômico

 

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