Grupos se unem em licitação de navios


Seis estaleiros entregaram ontem propostas técnicas e comerciais na licitação para construir 26 navios sob encomenda da Transpetro, empresa de logística da Petrobras. Os envelopes com os preços ainda não foram abertos, mas a disputa pelos navios maiores, Suezmax e Aframax, será travada entre três grupos: Rio Naval, Brasfel-Keppel Fels e a parceria entre Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Aker Promar.
A união entre os consórcios liderados por Camargo Corrêa e Queiroz Galvão foi oficializada ontem na primeira seção da licitação da Transpetro. Os estaleiros concorrentes receberam a notícia com cautela e não está afastada a possibilidade de algum participante ingressar com recurso contra a decisão. Após a audiência, o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, disse que a empresa irá discutir com as siderúrgicas a redução do preço da chapa grossa de aço, usada nos navios, nas vendas para os estaleiros no mercado interno.
Machado afirmou que o objetivo é fazer com que as usinas vendam o produto pelo mesmo preço da exportação. Hoje, segundo ele, os preços no mercado interno são 30% superiores. O executivo admitiu ainda que poderá entrar com pedido para eliminar a alíquota de importação sobre a chapa grossa, hoje de 12%. Procurados, o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) e a Usiminas, única fabricante do produto no país, não se pronunciaram.
Fonte da siderurgia reconheceu que a chapa grossa tem oscilações de preço de mais de 100% no mercado internacional, dependendo das características do produto. Em 2005, o Brasil exportou 412 mil toneladas de chapas e bobinas grossas por US$ 262 milhões. Machado também comentou a união entre os consórcios capitaneados por Camargo Corrêa e Queiroz Galvão: "Foi uma decisão empresarial da comissão de licitação, que seguiu todas as exigências legais."
Foi a Camargo Corrêa quem solicitou a autorização à comissão de licitação para alterar o consórcio e incluir a Queiroz Galvão e Aker. O parceiro tecnológico será a coreana Samsung. Até então, os dois grupos eram concorrentes e tinham projetos paralelos para construir dois estaleiros: a Queiroz em Rio Grande (RS) e a Camargo em Suape (PE). Na seção, os representantes dos dois grupos não quiseram falar e disseram que informações seriam prestadas via assessoria de imprensa da Camargo Corrêa. Procurada, a assessoria informou que o executivo a cargo do negócio estava em reunião.
Fontes da indústria naval disseram que a parceria Camargo Corrêa-Queiroz Galvão pretende construir os navios da Transpetro em Suape. O consórcio é o favorito, segundo a análise das fontes, para ganhar a encomenda dos dez navios Suezmax. O grupo também fez oferta por cinco navios Aframax. Nestes dois tipos de navio, a parceria Camargo-Queiroz vai enfrentar o consórcio Rio Naval, formado por Sermetal-Ivi, IESA e MPE, com assistência da coreana Hyunday.
O Rio Naval também fez oferta por quatro navios Panamax. "A união entre os consórcios é discutível, pois diminuiu a concorrência e criou um grupo mais forte. Ainda vamos avaliar se cabe recurso", disse David Fishel, representante do MPE no Rio Naval.
O outro concorrente para os navios Suezmax e Aframax é o consórcio Brasfel-Keppel Fels, com tecnologia da Daewoo. Outros quatro navios destinados ao transporte de derivados de petróleo teve um só estaleiro interessado. É o Mauá Jurong (RJ), pertencente ao grupo Synergy, de German Efromovich. O Eisa Montagem (RJ), também do Synergy, fez ofertas para os quatro navios Panamax e para três gaseiros. Caso o Mauá Jurong não cumpra todos os requisitos exigidos, a Transpetro poderá convidar outra empresa para substitui-lo, disse Sérgio Machado.
O Eisa disputará os navios gaseiros com o estaleiro Itajaí (SC), que continua na disputa graças a uma liminar da justiça do Rio. O único grupo a não apresentar proposta foi o estaleiro Rio Grande, do grupo Arbi.


17/01/2006

Fonte: Valor On Line

 

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