Governo implanta Infovia Brasília

Brasília - Rede ministerial aumentará segurança e reduzirá custos de comunicação. Até o ano que vem, 47 prédios na Esplanada dos Ministérios (incluindo os Anexos) estarão interligados por fibras óticas, o que permitirá ao governo reduzir os custos com serviços de transmissão de voz e dados hoje prestados pelas operadoras de telefonia fixa. A Infovia Brasília também eliminará o problema da segurança das redes ministeriais, segundo explicou o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Rogério Santana. "Evitará a bisbilhotagem em informações que circulam, por exemplo, no Palácio do Planalto", afirmou.
O projeto de criação da Infovia tornou-se prioritário para o governo depois do estouro do escândalo de espionagem da Kroll, empresa contratada pela Brasil Telecom para investigar os diretores da Telecom Italia. Os italianos travam uma disputa pelo controle da concessionária de telefonia fixa da região Centro/Sul com o empresário Daniel Dantas, do Banco Opportunity. Quando o escândalo estourou na imprensa, descobriu-se que a Kroll não apenas espionou os diretores italianos, mas também teve acesso a informações de correio eletrônico do atual ministro da Secretaria de Comunicação, Luiz Gushiken e investigou as atividades do presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb. "A Infovia eliminará uma série de problemas nas comunicações do governo e acabará com a desorganização geral nessa área", afirmou Rogério Santana.
Outro benefício da nova rede digital governamental é que os ministérios poderão trabalhar em regime de "clusters" para o processamento de dados de alto desempenho, garantindo um custo menor em atividades hoje exercidas em ambiente risk, ou em mainframe. "Temos um acordo com a Centrais Elétricas de Brasília (CEB) que nos concedeu os dutos para direito de passagem das fibras óticas. Contratamos uma empresa para lançar os cabos e ligar todos os prédios nessa primeira fase. Teremos o Serpro prestando o serviço em cima dessa fibra ótica. A UnB (Universidade de Brasília) irá se beneficiar, assim como o próprio Banco do Brasil, através da Cobra Computadores", disse o secretário de Logística e TI do Ministério do Planejamento.
A criação da Infovia Brasília incomodou as concessionárias de telefonia fixa, que temem perder uma fatia de mercado significativa na área de transmissão de dados e voz. "A Associação das Empresas de Telefonia Fixa (Abrafix) mandou correspondência para mim e para o Antônio Palocci (ministro da Fazenda) reclamando que nós não tínhamos autorização para fazer uma infovia", disse. O governo respondeu que o Serpro detém de autorização para prestar o Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) concedido pela Anatel. "Nós fizemos algumas correções no edital para separarmos o que é serviço de infra-estrutura, porque o questionamento deles se referia à prestação do serviço, mas o Estado brasileiro dispõe de mais de uma empresa pública capaz de prestar esse tipo serviço e, portanto, o questionamento deles não é válido", afirmou.
Desde o governo Fernando Henrique, o Ministério do Planejamento vem tentando criar, por meio do Serpro, uma rede de transmissão de dados e voz.
A intenção é acabar com as constantes negociações que os ministérios e órgãos públicos são obrigados a fazer com as teles, que impõem os seus preços diante da necessidade do governo pelo serviço. Por meio de liminares judiciais as teles conseguiram impedir a realização de uma licitação em 2001 para a contratação do serviço, na época denominada pelo governo de rede Br@sil.gov. A resposta veio agora no Governo Lula com a criação da nova Infovia.

11/10/2004

Fonte: Gazeta Mercantil