A Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) concluiu neste mês de dezembro o processo de licenciamento ambiental para a construção do maior gasoduto já feito no Estado, o gasoduto Vale do Aço. Em breve, provavelmente em janeiro, a empresa controlada pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) divulgará o edital para a construção dos 280 quilômetros de dutos que levarão o gás natural ao principal pólo siderúrgico de Minas, onde estão grandes indústrias como Usiminas, Belgo-Mineira, Acesita e Gerdau Açominas.
"Este gasoduto vai colocar as siderúrgicas mineiras em condição de igualdade com as indústria do resto do país, garantindo aumento da competitividade nos mercados interno e externo", afirma o gerente de novos negócios da Gasmig, Décio Guimarães de Abreu. A extensão da rede de dutos da empresa, para atender as empresas instaladas no do Vale do Aço, é pleito antigo das siderúrgicas. As estimativas das empresas são de que a substituição do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) por gás natural deverá resultar em redução de mais de 20% nos custos do combustível.
O gasoduto do Vale do Aço é uma extensão do duto de transporte Rio/Belo Horizonte (Gasbel), através de uma derivação no município de São Brás do Suaçuí. A expectativa é de que o gasoduto esteja concluído no segundo semestre de 2008. Ao todo, somados tronco principal e ramais, ele terá 330 quilômetros de extensão e custará cerca de US$ 150 milhões. A obra foi dividida em dois trechos.
O primeiro, de 50 quilômetros, de São Brás até o município de Ouro Branco, custou US$ 25 milhões e ficou pronto no início de 2006. A própria Gasmig bancou, com recursos próprios, os custos do primeiro trecho. Nesta etapa, duas grandes empresas já foram contempladas. A usina de Ouro Branco da Gerdau Açominas, maior fabricante de aços longos do país, já substituiu o GLP pelo gás natural. A mina de Fábrica, da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), em Congonhas, também já está sendo atendida desde o início do ano.
Para construir o segundo e maior trecho, de Ouro Branco até Belo Oriente, a Gasmig optou por um modelo do tipo Construção, Propriedade e Transferência (CPT). O vencedor da licitação fará os investimentos para a construção do trecho e terá a garantia de aluguel do duto por um período de 15 anos. A Gasmig ficará responsável pela operação. A previsão é de que as obras possam ter início em abril.
Antes mesmo de o projeto do gasoduto estar concluído, com as devidas licenças ambientais obtidas, a companhia mineira de gás natural já havia assinado contratos de fornecimento de longo prazo com as principais indústrias do Vale do Aço. "Os contratos com as siderúrgicas são as âncoras do projeto", explica Abreu. Segundo ele, sem essas garantias reais de receita, o modelo de financiamento para a construção do duto não seria viável.
As primeiras a assinar contrato com a Gasmig foram a Gerdau Açominas e a CVRD, justamente as empresas que seriam primeiramente beneficiadas. A usina do grupo Gerdau tem um contrato para fornecimento de 600 mil metros cúbicos por mês. A mina da Vale em Congonhas recebe 5 milhões de metros cúbicos por mês.
Localizadas no segundo trecho, as siderúrgicas Belgo Mineira e Acesita, ambas controladas pelo grupo Arcelor Brasil, e a indústria de celulose Cenibra também já firmaram contrato. A Belgo, segunda maior fabricante de aços planos do país, tem um contrato assinado para o fornecimento de 1,6 milhão de metros cúbicos por mês. A Acesita, maior siderúrgica de aços especiais, como inoxidável, fechou acordo para receber 6 milhões de metros cúbicos por mês. Na Acesita, a estimativa é de que a substituição do GLP pelo gás natural poderá representar uma economia de até US$ 10 por tonelada de aço produzido.
A Belgo Mineira - que já opera com gás natural na usina de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, em Piracicaba, em São Paulo, e Vitória, no Espírito Santo - quer substituir óleo combustível e GLP nos fornos de aquecimento de tarugos e na fase de sinterização do aço da usina de João Monlevade, no Vale do Aço. A indústria estima que a substituição resultará numa redução de custo de até 30%.
Segundo o presidente da Belgo, Carlo Panunzi, mais importante que essa economia é a mudança na estrutura energética, que facilita o planejamento de expansão. O contrato de fornecimento com a Gasmig, de R$ 60 milhões para seis anos, poderá ser ampliado quando sair do papel o plano de duplicação da usina mineira, a maior e mais antiga da empresa. Os controladores da siderúrgica ainda não bateram o martelo no investimento. A disponibilidade de gás natural na região é um dos fatores que vão contribuir para a redução de custos no empreendimento.
"Sem o gás seria mais difícil a duplicação da usina", comentou Panunzi, na ocasião da assinatura do contrato com a Gasmig. Hoje, o GLP e o óleo são transportados até João Monlevade por caminhões, numa logística mais cara e difícil de ser ampliada.
O contrato mais recente da Gasmig foi assinado em novembro, com a Cenibra. Fabricante de celulose branqueada está dando andamento a um plano de duplicação da capacidade de produção da fábrica em Belo Oriente. O contrato com a Gasmig prevê um fornecimento futuro de 8,6 milhões de metros cúbicos por mês. Com duração de seis anos, o contrato é da ordem de R$ 360 milhões. O protocolo foi assinado entre o presidente da Cenibra, Fernando Henrique Fonseca, e o presidente da Gasmig, Flávio Decat, em solenidade na planta de Belo Oriente.
Segundo Décio de Abreu, dois outros contratos estão em fase de negociações, com a Usiminas, fabricante de aços planos em Ipatinga, e a Novellis, que produz alumínio em Ouro Preto. Com a Novellis (ex-Alcan), as negociações haviam sido suspensas porque a empresa considerou vender a unidade. Recentemente, porém, o grupo metalúrgico anunciou a intenção de manter a fábrica. Para a Novellis, o contrato deverá estabelecer fornecimento de 4,5 milhões de metros cúbicos por mês.
"Com a Usiminas estamos acertando os últimos detalhes", conta o gerente de novos negócios da Gasmig. O contrato, de acordo com ele, deverá ficar em torno de 12 milhões de metros cúbicos por mês. A direção da Usiminas informou que já identificou um potencial de consumo de gás na usina de Ipatinga de 200 mil metros cúbicos por dia em uma primeira fase, podendo a chegar a 300 mil metros cúbicos por dia posteriormente. O gás poderá ser utilizado no reaquecimento de placas para laminação.
De acordo com as informações da empresa, além da vantagem financeira na mudança para o gás natural, a intenção é garantir uma melhoria nas condições ambientais, com redução das emissões de resíduos tóxicos na atmosfera e melhores condições de segurança. Diferentemente do GLP, o gás natural não precisa ser estocado em tanques próximos às plantas industriais.
Até que o gasoduto Vale do Aço esteja concluído, a Gasmig ofereceu às siderúrgicas alternativa para substituir já o GLP por gás natural nas plantas industriais. As empresas poderão optar por receber o Gás Natural Comprimido (GNC), combustível que é entregue em cilindros por via rodoviária, em carretas. A Gasmig fechou acordo comercial com cinco empresas, entre elas White Martins, para distribuir o produto no Estado. A Gerdau Açominas foi a primeira a aceitar a oferta, antecipando a substituição antes mesmo de o gasoduto chegar à usina de Ouro Branco.
A Gasmig pretende construir também um segundo gasoduto para levar o gás até o Sul de Minas, outra região do Estado com grande concentração de indústrias. Este, porém, ainda está em fase de estudos técnicos para o projeto. Não há previsão de quando será de fato construído.
Há pelo menos uma década, a companhia mineira de gás tentava viabilizar a expansão da rede de dutos, de modo atender o pleito das principais indústrias do Estado. Mas nunca conseguiu cumprir as promessas. O projeto só saiu do papel depois que a Petrobras tornou-se sócia da Gasmig, comprando 40% do capital em 2004. Os R$ 144 milhões pagos pela participação estão financiando a expansão da rede.
20/12/2006
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