Fogos chineses dominam Réveillon no Rio


Economia que mais cresce no mundo, a China vai exibir uma parte de seu potencial exportador para milhões de cariocas e turistas no Réveillon de Copacabana: pela primeira vez, o show pirotécnico na festa da praia terá fogos de artifício 100% chineses.
Os fatores que explicam a opção pelo "Ano Novo chinês" são controversos. Empresários da indústria nacional, prejudicada pelas importações, afirmam que os produtos orientais têm qualidade baixa, mas ganham mercado por causa dos preços, também baixos. Já os importadores alegam que os fogos chineses são diversificados e têm qualidade superior.
"A decisão não foi pelo preço, mas pela qualidade e diversidade. A China inventou a pólvora, tem tradição com fogos", diz André Lanza, do consórcio vencedor da licitação da prefeitura para a realização da queima de fogos.
Formado pelas empresas nacionais Lanza Shows e Espetáculos Pirotécnicos Ltda e News Fireworks do Brasil, o consórcio gastou R$ 1,2 milhão na importação dos produtos. Apostou na inovação e comprou, entre outros, fogos que se transformam no céu em letras --para formar os dizeres "Rio 06" e "Pan 07"-- e números --para fazer a contagem regressiva do Ano Novo.
Segundo Lanza, as novidades são produzidas apenas por duas fábricas na China e os efeitos jamais foram vistos na América do Sul. As cores são outro atrativo. "Além disso, os chineses usam apenas 20% da quantidade de pólvora dos produtos nacionais, o que gera menos fumaça", complementa Lanza. Mas para o presidente do Sindicato das Indústrias de Explosivos de Minas Gerais (Sindiemg), Sindônio Patusco, é exatamente o contrário.
"Todos se lembram da fumaça no Réveillon do ano passado no Rio. Aquilo foi conseqüência dos produtos chineses, de má qualidade. Disseram que foi o clima que não deixou a fumaça se dissipar, mas não foi", diz Patusco, que também é dono da Fogos Estrela, em Santo Antônio do Monte.
A cidade, junto com outros cinco municípios mineiros, é parte de uma microrregião produtora de fogos, onde atuam 62 empresas nacionais.
Patusco afirma que falta fiscalização na entrada desses produtos no Brasil, o que põe em risco a segurança do consumidor e do espectador. Assim, afirma, é fácil praticar preços baixos. Segundo a Sindiemg, o preço da tonelada nacional é quatro vezes mais caro que a do produto chinês.
Outro empresário, que preferiu não se identificar, diz que os fogos chineses são "o barato que sai caro". Ele também critica o modo como a importação é feita, porque entram não só produtos para shows, mas também fogos comerciais --usados em eventos políticos e esportivos. "Estão liquidando a indústria brasileira", afirma.
No pólo mineiro, a indústria, que já empregou cerca de 10 mil funcionários, dá trabalho atualmente para sete mil. Segundo Patusco, a produção caiu 40% em relação a 2003. "O impacto da importação é devastador para as cidades. Cerca de 70% da economia local gira em torno dos fogos."
Além de importadora, a empresa de origem argentina Júpiter --que realizou o Réveillon do ano passado, criticado por Patusco por causa da fumaça-- também produz no Brasil, com uma fábrica em Lagoa da Prata, vizinha a Santo Antônio do Monte. O gerente de vendas da importadora, Rubem Caneda, explica que o produto chinês para shows alia qualidade, variedade e preço.
Por isso, no ano passado a empresa usou 80% de fogos chineses e 20% de nacionais. Pelo menos desde 1994, independentemente da empresa que realiza a festa em Copacabana e da origem dos fogos, nunca houve um Réveillon com produtos 100% brasileiros.
A favor da indústria nacional, Caneda destaca a qualidade dos "tiros", fogos com estampidos, vendidos em lojas. "Mas para shows, a indústria brasileira, assim como a argentina, não tem condições de fazer mistura de cores e efeito como a chinesa."
O próprio Lanza reconhece que há produtos chineses baratos e de baixa qualidade. Mas ele afirma que esses fogos não virão para o Réveillon do Rio.


03/11/2005

Fonte: Folha de S.Paulo

 

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