Fabricantes esperam ciclo de encomendas

As propostas para a concorrência de fornecimento de máquinas e equipamentos para a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) foram enviadas na semana passada para a ThyssenKrupp, na Alemanha, pelas empresas de equipamentos pesados que receberam cartas-convites para participarem da que é considerada uma das maiores licitações dos últimos anos, envolvendo encomendas de mais de US$ 1 bilhão, de um investimento total de US$ 2,3 bilhões.
A CSA abriu a temporada de caça às licitações pela indústria pesada nacional, que poderá melhorar muito o mercado para os fornecedores de equipamentos pesados instalados no país. A boa notícia é que os controladores alemães da nova siderúrgica pretendem trabalhar com um índice de nacionalização de 70% no que tange a máquinas e equipamentos para o empreendimento, que envolve uma fábrica de aço, uma coqueria, uma termelétrica e terminais portuários.
Dhenisvan F. Costa, diretor-presidente da Vai-Ingdesi Automation Ltda., controlada pela Vai - Vöest-Alpine Industry, que fornece painéis elétricos, de automação e instrumentos materiais de montagem, avalia que a indústria de bens de capital sob encomenda no Brasil está prestes a iniciar um ciclo benéfico devido aos novos projetos de investimentos, como o da CSA, da Samarco, da siderúrgica de Barra Mansa e da duplicação de produção da Belgo Mineira.
"As promessas no Brasil são boas, o que vai acontecer é que esses projetos não vão começar todos ao mesmo tempo. Eles vão ser tocados mais devagar, mas vão acontecer", ponderou. O executivo contou que sua empresa, desde que se instalou no país, vem crescendo de 45% a 75% ao ano, devendo crescer 100% este ano ante 2004, graças às encomendas.
Outra novidade favorável ao setor de máquinas é que a Samarco Mineração vai investir US$ 1,18 bilhão numa nova pelotizadora e pretende ter índice de nacionalização de 85% na aquisição de bens de capital sob encomenda. Parte do projeto de engenharia já foi desenvolvido e vai ser iniciada rapidamente a fase de construção, como contou Paulo Rabello, diretor do projeto da terceira pelorizadora.
A companhia, controlada pela Vale do Rio Doce e pela BHP Billiton, duas mineradoras gigantes, já está contratando um pacote "turn key" de uma empresa finlandesa chamada Outkumpo, que vai atuar como responsável pelo projeto para o forno de pelotização.
No projeto da Samarco o risco de os chineses entrarem é zero, pois os equipamentos a serem encomendados são de grelha contínua, enquanto as usinas chinesas semelhantes à que vai ser construída, utilizam a tecnologia dos fornos rotativos. A empresa mineradora já promoveu uma concorrência para máquinas e equipamentos. A licitação começou em agosto, quando foram distribuídas as cartas-convites. As propostas e estão em fase de análise.
Os investimentos ficaram mais caros no mundo todo nos últimos dois anos, mas no Brasil a valorização do câmbio resultou num encarecimento do projeto da Samarco, queixou-se Rabello. Porém, ele comemorou a aprovação da MP do Bem, pois com isso o projeto, totalmente voltado para exportação, terá isenção de PIS e Cofins.
O fantasma dos chineses ronda o projeto de duplicação da Belgo Mineira, estimado em R$ 3 bilhões. A empresa deve encomendar seu alto-forno da China. Segundo o gerente de marketing da MinMetals no Brasil, Cláudio César Braga, a empresa ainda não decidiu se trará o equipamento pronto da China ou se trará os tijolos refratários para fazer a montagem em uma indústria brasileira.
A holding Suzano já está se reunindo com fornecedores para encomendas do projeto da nova fábrica da Bahia Sul. O índice de nacionalização é da ordem de 35%. Mas, de 1999 até 2004, o Grupo Suzano investiu no país R$ 10 bilhões, dos quais R$ 4 bilhões em compra de máquinas e equipamentos.

01/11/2005

Fonte: Valor On Line