Empresa dá Treinamento à PM do Rio antes de licitação para armas

Antes de abrir a primeira grande licitação para equipar a Polícia Militar (PM) com armamentos não-letais, o governo do Rio aceitou convite da fabricante Condor e mandou policiais de duas unidades especializadas - Batalhão de Operações Especiais (Bope) e Batalhão de Choque - para um treinamento no campo de testes da empresa. Em uma das ações realizadas hoje (9), em Adrianópolis, na Baixada Fluminense, seis homens do Bope simularam o resgate de dois "reféns" em uma favela cenográfica. Todas as armas não-letais usadas pelos policiais - granadas de luz e som, lançadores de balas de borracha, etc. - foram fornecidas pela Condor.Um dos alunos do curso, o comandante do Batalhão de Choque, coronel Carlos Milagres, deu entrevista usando um boné da empresa. Segundo ele, há orientação do comando geral da PM para que o batalhão crie uma "doutrina" que será aplicada em toda a corporação para o uso de armamentos não-letais. Indagado se há resistência na tropa quanto ao uso desse tipo de equipamento, Milagres declarou: "Não. O que há hoje é desconhecimento." Ele ressalvou que armas não-letais já são usadas pela polícia fluminense, mas em pequena escala e em casos específicos, como controle de distúrbios. "Dentro do conceito de uso progressivo da força, o uso dessas armas é fundamental. A idéia agora é treinar o efetivo e usar cada vez mais. Estou aqui para conhecer, me atualizar e preparar a doutrina", declarou.A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança informou que a licitação para escolha da empresa que fornecerá o material deverá ocorrer até o fim do primeiro semestre, e que o objetivo do treinamento é "testar as armas". Segundo a Secretaria, os pedidos serão encaminhados pelos policiais, que "precisavam conhecer" o material para escolher "as mais interessantes" do portfólio da empresa. "A compra vai depender da avaliação que está sendo feita no curso, e aguardamos a chegada dos pedidos. Será uma licitação como qualquer outra, não quer dizer que vamos comprar deles só porque estamos fazendo o curso. O que pode acontecer é só eles se candidatarem", alegou a Secretaria.Não foi informado o valor da licitação e a quantidade que será comprada. No ano passado, a Secretaria Nacional de Segurança Pública repassou R$ 3 milhões ao governo do Estado para a compra de armas não-letais, que equiparam policiais durante os Jogos Pan-americanos. Na ocasião, foi escolhida a Condor - sem licitação, segundo a Secretaria, porque foi a única a se apresentar no período estipulado para o "pregão eletrônico".O tenente do Bope, Marcelo Corbage, participou do treinamento e elogiou um lançador semi-automático de munição não-letal de 40 mm com um tambor rotativo, capaz de fazer seis disparos por segundo. "É melhor que o nosso, que faz só um disparo. Gostei."Quarenta policiais e agentes de seis Estados participaram do treinamento oferecido pela Condor, que começou ontem (8) e termina amanhã (10). "Isso desmistifica a idéia de que o Bope é altamente letal. A tropa está se qualificando", disse Corbage. Após o treinamento, o policial foi entrevistado por um assessor de imprensa da Condor e gravou depoimento para vídeo institucional realizado pela companhia.Diretor de Relações Institucionais da Condor, Antônio Carlos Magalhães fez uma comparação das polícias do Rio e de São Paulo. "A polícia que mais usa no Brasil é a de São Paulo, onde somos fornecedores exclusivos. Carandiru foi um marco histórico. Hoje, todo policial de lá tem um spray de pimenta. Aqui no Rio, a coisa está desencantando agora. É muito incipiente, isso tem que ser sistematizado", disse. Ele não revelou valores da "negociação". "As coisas ainda estão sendo discutidas (com o governo do Rio). A quantidade ainda está sendo dimensionada."

09/04/2008

Fonte: Cidade BIZ