Cancelada licitação que beneficiava Valério


Comandada por Emidio de Souza (PT), a prefeitura de Osasco, na Grande São Paulo, cancelou no dia 30 de junho um processo de licitação pela conta de publicidade do município. A primeira colocada na concorrência era a agência SMP&;B Comunicação, do empresário Marcos Valério de Souza.
Dezenove dias antes de a decisão do prefeito ser publicada na Imprensa Oficial do Município de Osasco, Valério havia sido denunciado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como suposto pagador do chamado mensalão a serviço do PT.
Ontem, por telefone, o secretário de Governo e Comunicação de Osasco, Gelso Aparecido de Lima, admitiu a Zero Hora que um "motivo político" contribuiu para o cancelamento:
- Não poderíamos, de maneira nenhuma, contratar uma agência que está sob suspeita nacional.
Iniciado com 17 concorrentes, o procedimento de avaliação estava na última etapa, a de proposta de preços. A previsão inicial da prefeitura era de que o serviço da vencedora da licitação começasse a ser prestado em junho. Por um ano de trabalho, a empresa contratada receberia R$ 3 milhões.
A prefeitura apontou também uma razão técnica para interromper a concorrência. Um decreto do dia 21 de junho limitou o orçamento da Secretaria de Governo e Comunicação em R$ 700 mil a fim de viabilizar recursos para a pasta da Saúde. Lima prevê que até o final do ano, no mínimo, o município não contrate agência de publicidade.
Em depoimento à CPI dos Correios, na quarta-feira, Valério revelara que uma de suas empresas, a Estratégica Marketing e Promoções Ltda, fizera a campanha do então candidato a prefeito de Osasco pelo PT, Emidio de Souza, em 2004. A prestação de contas de campanha do petista à Justiça Eleitoral indica que foram pagos R$ 140 mil à Estratégica por "serviços de coordenação da propaganda eleitoral em TV e rádio". Criada em fevereiro de 2004, em Minas Gerais, a Estratégica também participou das campanhas do PT em São Bernardo do Campo (SP) e Petrópolis (RJ). Nesses dois municípios, os candidatos petistas foram derrotados.
- A Estratégica foi indicação do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) - justificou Lima, que coordenou a campanha de Souza.
Em Osasco, a empresa teria sido representada por Márcio Hiram Guimarães Novaes, que havia prestado serviços a João Paulo. A equipe de Novaes - composta por ele, um diretor e de cinco a sete pessoas terceirizadas, de acordo com Lima - trabalhou no município no final do primeiro turno e ao longo de quase todo o segundo turno. Nesse período, Lima informou que a Estratégica era responsável pela "inteligência" por trás dos programas diários de até cinco minutos, algumas vezes repetidos num canal de TV, pela primeira vez disponível à propaganda, e em comícios.
Mesmo reconhecendo que a contratação de "uma agência maior, com estrutura ideal" seria mais cara, Lima acredita que os serviços da Estratégica para o PT de Osasco foram "bem pagos".


08/07/2005

Fonte: Zero Hora

 

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