Caixa tem 70% de corte de custos ao concluir licitação para lotéricas

BRASÍLIA - A Caixa Econômica Federal concluiu ontem o processo licitatório para a implantação do novo modelo de operação das loterias. Obteve uma economia de R$ 710 milhões no processo, o que representa cerca de 70% menos do que os gastos previstos nos editais. A Gtech, que tinha o monopólio do negócio, ainda receberá da Caixa por mais um ano.
O próximo passo será implementar o novo modelo, iniciando com um piloto em Brasília, a partir do dia 15 de maio. Após 90 dias, o modelo será estendido a todo país.
Para garantir a transparência e acompanhamento da sociedade, a Caixa criou hoje um link específico, na internet(http://www1.caixa.gov.br/popup/licita_loterias/index.asp), que pode ser acessado por meio de sua página na rede, com histórico e o momento atual do processo, em que a Caixa deixa de ser dependente de um único fornecedor.
A instalação dos novos equipamentos será gradual, segundo a vice-presidente de Tecnologia, Clarice Coppetti. " A transição vai se dar máquina a máquina, lotérica a lotérica, município a município. O projeto é de uma dimensão muito grande e essa etapa transitória deve durar cerca de um ano. "
Segundo ela, o novo canal dará à Caixa autonomia de gestão e controle das transações realizadas nas casas lotéricas. Um dos principais objetivos do canal é aumentar a atual capacidade de atendimento das unidades em torno de 20%, devido à utilização de novas tecnologias, com padrões abertos, de domínio do mercado e da Caixa.
A nova infra-estrutura de tecnologia da informação (TI) possibilitará a ampliação dos serviços sociais e bancários e os novos contratos de prestação de serviços possuirão custos fixos para a empresa. Atualmente, o valor pago ao fornecedor é proporcional à quantidade de transações realizadas.
O novo modelo foi licitado em quatro etapas, com a participação de mais de 100 empresas.
O primeiro pregão, em 24 de janeiro deste ano, contratou a Trans-World Transportes Especiais Ltda, por R$ 36,77 milhões para a guarda, transporte e distribuição dos suprimentos (volantes, bobinas e bilhetes das loterias Federal e Instantânea), por 36 meses. Houve economia de 15% sobre o preço de R$ 43,2 milhões do edital.
No segundo, em 31 de janeiro, ganhou a Vicom Ltda para serviços de telecomunicação e transmissão de dados prestados às nove mil casas lotéricas. O contrato teve o valor de R$ 283 milhões, prazo de 60 meses, com economia de 46% sobre os R$ 522 milhões mínimos do edital.
A Wintech do Brasil ganhou o terceiro pregão, em 22 de fevereiro, para fornecimento de 6,6 bilhões de volantes (R$ 23,4 milhões) e 6,7 milhões de bobinas térmicas (R$ 122,5 milhões), em contrato de 36 meses. A economia foi de 41,5% sobre o preço mínimo de R$ 209 milhões.
E no último, ontem, o vencedor foi o consórcio Procomp/Bradesco, para fornecimento de 25 mil equipamentos por meio de arrendamento mercantil, em 48 meses. Periféricos e serviços de instalação, manutenção e assistência técnica estão previstos no contrato, no valor de R$ 212,9 milhões. O preço estimado era de R$ 614 milhões, ou seja, redução de 65,3%.
O processamento das loterias federais, incluindo apuração e rateio dos resultados, que constitui a parcela mais importante do negócio loteria, já é realizado pela própria Caixa, que possui hoje um dos maiores parques tecnológicos do país, operando sistemas como o do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Depois do escândalo que acusou o ex-assessor palaciano Waldomiro Diniz de favorecer a Gtech, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendeu em agosto de 2004, o monopólio daquela empresa sobre os serviços de loterias.

18/03/2005

Fonte: Valor On Line