Caixa abre licitação para substituir GTech


A um preço estimado em quase R$ 1,4 bilhão, a Caixa Econômica Federal começou ontem a licitar os serviços de captação e transmissão de dados das lojas lotéricas do país para substituir a multinacional GTech.
A empresa, responsável pelo serviço há oito anos, foi pivô de um suposto caso de tráfico de influência no governo Luiz Inácio Lula da Silva e que provocou a queda do então subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz, em 2004.
Como a substituição das máquinas nas 9.000 lotéricas será gradual, até maio de 2006, a Caixa vai prorrogar por 12 meses, a partir de maio, o contrato com a GTech. As condições serão negociadas após o término dos pregões, na segunda-feira.
Mesmo depois da transição, a GTech poderá continuar com parte da operação das loterias. A empresa estuda participar de duas das quatro licitações e disputar a venda e a manutenção das 25 mil novas máquinas e os serviços de transmissão de dados, segundo a Folha apurou. É a fatia mais rentável do negócio.
O processamento central das apostas será assumido pela Caixa, de acordo com novo modelo desenvolvido pela estatal. A divisão da operação das lotéricas em blocos de serviço foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça em agosto do ano passado, depois de uma longa batalha judicial entre a GTech e a Caixa. A multinacional insistia em não fatiar o negócio.
Desde 1997, a GTech é responsável pela captação e transmissão de dados on-line da rede lotérica, assim como pelo processamento das apostas.
Desde então não houve licitações, sempre barradas pela multinacional na Justiça. Em 2003, a empresa obteve prorrogação do contrato por mais 25 meses. Esse contrato rende cerca de R$ 25 milhões por mês à GTech.

Licitações
As licitações começaram ontem pelos serviços de guarda, transporte e distribuição de volantes, bobinas e bilhetes das loterias. Amanhã, será licitado o fornecimento de volantes e bobinas. Os contratos para tais serviços duram 36 meses e pode haver "repactuação" de preço a cada ano.
As duas principais fatias do negócio --a compra e a manutenção de 25 mil terminais para os 9.000 pontos-de-venda e a transmissão de dados-- serão licitadas na sexta e na segunda que vem. Os contratos são mais longos: 48 meses e 60 meses, respectivamente.
Pequenas empresas não terão vez no negócio. O edital para arrendamento das novas máquinas exige patrimônio líquido de pelo menos R$ 20 milhões.
A Caixa informou que modernizará o funcionamento das casas lotéricas.
Segundo os editais, podem ocorrer 20 milhões de transações num único dia. Em dias de grande volume de apostas, é possível que ocorram 4 milhões de transações numa única hora. Entre apostas, pagamentos de benefícios, recebimentos de contas e movimentações bancárias, são 3 bilhões de transações por ano.
A transição para o novo modelo começará em Brasília a partir de 15 de maio. Desde outubro passado, o processamento central passou a ser feito de forma paralela e ainda experimental pela Caixa.
Por conta de uma ação que apura irregularidades na renovação do contrato da Caixa com a GTech durante o governo Fernando Henrique Cardoso, a multinacional tem bloqueado, desde o ano passado, 30% de seu faturamento com as lotéricas. Até a semana passada, a empresa possuía R$ 55 milhões retidos pela Justiça.


25/01/2005

Fonte: Folha de São Paulo

 

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