Aberta licitação para 100 novas placas de táxi em Vitória

Das 7 às 9 horas de amanhã serão aceitas propostas para a concorrência das 100 novas placas de táxi concedidas pela Prefeitura de Vitória (PMV). Os interessados devem entregar os documentos no Ginásio do Clube Saldanha da Gama, na Avenida Beira-mar.
Mas quem já estiver com tudo adiantado pode deixar a papelada – dois envelopes, um com dados para habilitação e outros de proposta técnica – ainda hoje na Secretaria Municipal de Administração, que fica na sede da PMV, em Bento Ferreira, até às 18 horas.
A intenção da prefeitura é fechar os portões do ginásio do Saldanha às 9 horas em ponto. em seguida já começa a selecionar os classificados para a segunda etapa da licitação. Primeiro será avaliado quem tem habilitação para participar da disputa.
Feito isso, serão definidos nova data, horário e local para a etapa final, com avaliação das propostas técnicas. Nesse momento será levado em consideração os pontos conquistados por candidato. Em último caso, havendo empate no número de pontos dos candidatos, será feito sorteio das placas.

Rotina
Para defensores, que rodam como motoristas auxiliares, o sonho de ser permissionário e virar patrão está cada vez mais próximo. Entre as vantagens: não trabalhar por 24 horas seguidas, fato que muitos enfrentam atualmente.
Os taxistas de Vitória, principalmente os defensores, seguem essa rotina. O sono vira companheiro de viagem, e para disfarçá-lo valem estratégias como tomar muito café e água fria no rosto. "Se você ficar correndo o tempo todo nem dá sono. Mas os cochilos no banco do carro ajudam um pouco", confessa o taxista Velde dos Santos Ferreira, 31 anos, há seis como defensor.
Assim como ele, outros taxistas passam pela mesma situação e alegam que é comum encontrar um colega que use drogas para manter-se acordado. Mas tem quem defenda que, seja qual for a técnica, o cansaço, no final do dia, sai vitorioso. "Quando chega 7 horas da manhã estou quebrado. Só me vejo chegando em casa e capotando", afirma Elias Melo, 29, taxista há cinco.

Número
36 denúncias
Esse é o número de reclamações registradas na Prefeitura de Vitória contra taxistas do município, entre outubro de 2007 e abril deste ano. Em média cinco por dia. O maior problema são os valores cobrados, sempre acima do que está no taxímetro ou na tabela

Taxista se sente explorado com cobrança de diária
Na Capital, a maioria dos defensores ganham por comissão – em média 40% do valor conseguido em um dia de trabalho. Mas há quem ainda trabalhe com o sistema de diária, e reclama da exploração.
"Tenho que pagar R$ 130,00 por dia ao permissionário. Se não consigo essa grana nas 24 horas de trabalho já entro no segundo dia devendo. O pior é que, além dessa taxa, ainda tenho que deixar o tanque cheio para o dia seguinte", conta J. (que prefere não se identificar).
Fazendo os cálculos, ele teria que pagar nos 15 dias em que trabalha um total de R$ 1.950,00. O tanque de gás cheio, hoje, fica em torno de R$ 40,00. Para conseguir lucrar no final do dia ele precisaria de, pelo menos, receber mais de R$ 170,00 com as viagens.
"Para conseguir uns R$ 200,00 precisamos de 15 a 20 viagens. A maioria das que são feitas não custam nem R$ 10,00", reclama Sebastião Carlos Costa Júnior, 41 anos, nove na profissão. Ele já atuou no sistema de diária e hoje ganha por comissão.
"Conheço gente que paga até R$ 170,00 por dia de trabalho. É uma exploração", frisa. Para ele a prefeitura tinha que resolver essa situação. "Não podemos nos intrometer em negociação salarial. O acordo é feito entre as duas partes. Não cabe à prefeitura", responde o subsecretário Sávio Gava.

Água no rosto e muito café para cumprir horário
Refrigerante de cola, café em litros, água gelada no rosto... Essas e outras são artimanhas usadas pelo taxista José Luciano Cristo Barbosa, 34 anos, para conseguir completar as 24 horas diárias de trabalho. "Dá muito sono. Principalmente quando o dia está parado, com poucas viagens. Quando você não pára e emenda um passageiro no outro até que a adrenalina não deixa você com sono", conta. Ele confessa que chega a tomar três garrafas de café, pelo menos, nos dias em que trabalha. E que abusa da água no rosto para despertar e seguir o dia. "Tenho metas a cumprir. Não há outra saída, tenho que trabalhar".

Sono ruim aumenta risco de acidentes
Na rotina de trabalhar 24 horas e folgar as 24 horas seguintes, os taxistas aumentam os riscos de terem doenças como hipertensão arterial, insônia, depressão e ansiedade. O cansaço acumulado, somado ao trânsito caótico, também aumenta a irritabilidade. "O que provoca mais violência no trânsito", afirma o clínico geral e especialista do sono, Sério Barros.
Para ele, é necessário desenvolver uma escala para os taxistas compatível com a dos demais trabalhadores. "Principalmente no caso deles que precisam estar descansados para melhor prestar os serviços", diz.
Segundo o médico, mesmo parados, dentro do carro, os taxistas se desgastam. Os cochilos não os deixam descansados, por terem qualidade ruim de sono. Barros destaca que nas 24 horas de folga, o taxista geralmente não repõe o sono perdido.

Rotina dura irá acabar, diz prefeitura
A Prefeitura de Vitória garante que a rotina dos taxistas de trabalhar 24 horas de um dia e folgar no outro está para acabar. Com as novas adequações e a mudança na lei de táxi da cidade, os permissionários terão que virar motoristas.
"Para quem já tem permissão de placa da prefeitura o prazo é de um ano para se adequar. Aos que disputam as 100 novas placas, essa determinação passa a valer logo de início. O permissionários tem que ser motorista do carro e terá direito de ter dois motoristas auxiliares (defensores)", explica o subsecretário de Transporte Sávio Gava.
Além disso, cada táxi precisará ter uma escala de funcionamento dentro do carro. Com isso, fica determinado horário e dia da semana de trabalho de cada taxista. "O horário pode ser dividido por dois ou três, com 8 ou 12 horas para cada um".

02/06/2008

Fonte: Jornal A Gazeta